Atividades culturais

Câmbio de paradigma. Um giro no Brasil.

Câmbio de paradigma. Um giro no Brasil. Adriana Pagliaro

Apresentamos esta exposição coletiva na programação oficial do festival FotoRio 2025.

As mudanças de paradigma na arte geralmente acompanham transformações sociais, culturais, políticas e tecnológicas na sociedade. A fotografia, em especial, passou por mudanças profundas nas últimas décadas. A incorporação de câmeras digitais aos dispositivos de consumo e os processos de globalização da informação na era da internet tornaram a fotografia uma forma de expressão quase universal.

À medida que deixou de ser uma linguagem de difícil acesso, a produção artística passou a incluir vozes de grupos historicamente silenciados, que até menos de três décadas atrás quase não tinham visibilidade. As desigualdades também se manifestam de forma particularmente acentuada nesse campo, assim como a necessidade de representar o mundo por olhares não ocidentais.

Esta exposição surge como um contraponto necessário às visões hegemônicas e propõe inverter a lógica segundo a qual certos grupos de pessoas são sistematicamente representados por outros: os homens fotografam as mulheres, os ocidentais retratam o resto do mundo.

A exposição «Câmbio de paradigma. Giro no Brasil» propõe um discurso inclusivo e transnacional, fruto do diálogo entre dois contextos geográficos e culturais: Espanha e Brasil. Nesse sentido, o projeto se vincula ao conceito de giro no Brasil, compreendido como um deslocamento crítico, uma abertura ao outro e uma transformação dos marcos de pensamento, gerando um espaço de encontro e ressonância entre diferentes olhares.

Esse giro não é apenas geográfico ou simbólico, mas também epistêmico, estético e político: implica desestabilizar narrativas dominantes, questionar quem olha e quem é olhado, e abrir-se a saberes, corpos e imaginários antes excluídos. Trata-se de um gesto que interpela o cânone, remexe o pensamento hegemônico e reivindica outras formas de ver, sentir e narrar o mundo.

Nesse movimento, a exposição se configura como um espaço de escuta e reverberação, onde podem emergir novas possibilidades de relação e imaginação.

Sob a curadoria compartilhada de Marta Soul e Ângela Berlinde, a mostra reúne seis artistas espanhóis e quatro brasileiros, além de uma artista local convidada especialmente para esta edição no Rio de Janeiro.

A exposição se estrutura em torno dos seguintes eixos temáticos:

● Estruturas políticas dominantes, soberania e capitalismo

● A raça não existe. Justiça para o indivíduo e para a sociedade

● Gênero, identidade e autorrepresentação

● Tecnologia: ideal e medo do progresso

● Ecologia, plantas e animais. Justiça climática e formas de habitar a Terra

O conjunto das obras propõe uma transformação na forma de compreender a fotografia, assim como nas maneiras de concebê-la, produzi-la e valorizá-la na contemporaneidade.

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