Microconto e mundos insólitos: fantasia, estranheza, grotesco, absurdo, maravilhoso
Ana María Shua, mestre indiscutível no manejo da brevidade, aponta na introdução de Temporada de Fantasmas (2004) como «as minificções, em sua maioria, tendem ao gênero fantasia, em parte porque são necessárias para provocar algum tipo de surpresa estética, temática ou de conteúdo, já que o sutil desenvolvimento de climas ou de personagens são quase impossíveis». Esse fato explica a importância do elemento sobrenatural nas antologias que serviram de pedra de toque para potencializar a prática e a atenção sobre o gênero - Cuentos breves y extraordinarios (1953), de Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares, e El libro de la imaginación (1976), de Edmundo Valadés – e o papel essencial desempenhado pelo inusitado nos microcontos contemporâneos, motivo pelo qual dedicaremos nossa mesa de trabalho.